Bem-vindos à HMBO News – Agosto, a rúbrica mensal da onde referimos os 3 principais marcos de cada mês no ecossistema económico e empresarial. A edição deste mês sublinha o agravamento das prestações da casa, o aumento do custo da produção industrial e a recessão do sentimento económico: o caso da indústria! 🏭
A taxa Euribor a 6 meses é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação (cerca de 40% dos contratos) e supera 1% pela primeira vez em mais de dez anos. Em junho estava em terreno negativo, em julho chegou a atingir os 0,983% e agora, a 30 de agosto, está num novo máximo: 1,193%. Esta subida é justificada com a subida galopante da inflação e o aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE).
Na prática, o aumento das taxas Euribor implicam um agravamento da prestação mensal da casa paga ao banco – uma tendência que milhares de famílias estão a sentir há meses, ao mesmo tempo que sentem a pressão do aumento do custo de vida (com a taxa de inflação acima dos 9%: a mais alta desde 1992).
A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras BCE. As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021, permitindo às famílias acelerar as amortizações do crédito à banca.
O cenário de inversão também se verificou nos outros prazos. A Euribor a 12 meses, que tem sido a preferência dos portugueses nos últimos anos, regressou a terreno positivo em abril e avançou no dia 30 de agosto para os 1,758%. Já a Euribor a três meses saltou para positivo no mês passado e está agora nos 0,620%. A expetativa do BCE é que nas próximas reuniões continuará a subir as taxas de juro.
O aumento das taxas Euribor durante agosto significará um novo agravamento da prestação da casa no próximo mês. É isso que já tem vindo a acontecer nos últimos meses. E foi o que aconteceu neste mês de agosto: os contratos que foram revistos este mês tiveram aumentos até 23%.
A Euribor é a taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de 52 bancos da Zona Euro, nos empréstimos que fazem entre si no chamado mercado interbancário, num determinado prazo (uma semana, um mês, três meses seis meses e 12 meses).
Na sequência da agressão à Ucrânia, a indústria têxtil tem-se ressentido. O impacto advém da diminuição das encomendas por via do aumento do preço de venda dos artigos – por causa do agravamento dos custos de produção, em especial o gás -, e a menor disposição dos consumidores para comprar bens que não são de 1.ª necessidade. No ano passado, o gás custava 20€ por MWh (megawatt-hora) e atualmente está acima dos 300€ – dados de 29 de agosto de 2022.
Este pesadelo estende-se um pouco por todos os países e atravessa diferentes indústrias. Portugal e Espanha avançaram com um teto no gás natural que tem resultado em preços mais baixos nos mercados grossistas de eletricidade. O mecanismo tem custos para quem consome a energia coberta pelo teto, mas o governo diz que, mesmo assim, com esse custo contabilizado, os preços são mais baixos.
Já na Alemanha, os preços na produção industrial aumentaram 5,3% em julho. Face ao período homólogo, os mesmo aumentaram 37,2% – o maior aumento de sempre. Esta subida é justificada pela duplicação dos custos com a distribuição de gás natural e da eletricidade, de acordo com o Escritório Federal de Estatística Alemão.
Os preços da distribuição de gás natural aumentaram 163,8% na variação homóloga, neste último mês. Quanto à eletricidade, a subida foi de 125,4%. No conjunto, os preços da energia dispararam 105% entre julho de 2021 e o mesmo mês deste ano.
Excluindo a componente da energia, o índice de preços na produção industrial teria aumentado 14,6% em termos homólogos. Os bens intermédios subiram 19,1% face a julho de 2021.
A Alemanha é um dos países que mais sofre com o corte da exportação de gás russo. O Governo alemão já anunciou que vai reduzir o imposto sobre a venda de gás de 19% para 7% a partir de 1 de outubro.
Também o Executivo alemão já alertou para a necessidade de construção de um gasoduto na Península Ibérica para suportar as necessidades de gás na Europa Central. No entanto, o Governo francês mantém-se contra a proposta.
O indicador de sentimento económico continuou a piorar em agosto, tanto na zona euro como na União Europeia (UE). O motivo principal é o “enfraquecimento significativo” na confiança da indústria europeia – consequência da diminuição das encomendas globais, reporta a Comissão Europeia.
A informação tem por base inquéritos às empresas e aos consumidores em agosto de 2022 e constata que, em comparação com julho, a zona euro encontra-se com 97,6 pontos (-1,3) e a UE com 96,5 pontos (-1,0).
Segundo a Comissão, esta queda resulta do “enfraquecimento significativo da confiança na indústria e, em menor escala, nos serviços, que foi apenas parcialmente compensado por sinais preliminares de estabilização do comércio a retalho, da construção e da confiança dos consumidores“.
No que diz respeito à indústria, a descida acontece pelo sexto mês consecutivo, pois “as avaliações dos gestores sobre o nível atual das carteiras de encomendas globais registaram nova deterioração acentuada e os ‘stocks’ de produtos acabados foram avaliados como mais abundantes, apontando para um enfraquecimento das vendas”, é explicado.
Entre as maiores economias da UE, o indicador de sentimento económico caiu mais na Holanda (-4,8), Alemanha (-2,5), França e Polónia (ambos -1,8), bem como em Itália (-1,2), enquanto em Espanha, por outro lado, houve um ligeiro aumento (+0,8).
No caso de Portugal, registou-se em agosto uma redução mensal de 0,7 pontos, para 103,5 – um sinal do arrefecimento da economia industrial.
Esta foi a edição de agosto da HMBO News, elaborada a 30/08/2022. Em setembro a rúbrica regressa para sublinhar os pontos principais no ecossistema económico e empresarial. Não perca! ✅