Na era da globalização, onde as fronteiras parecem cada vez mais ténues e as distâncias encurtam, a saudade emerge como um sentimento transversal, moldando as interações humanas e, por conseguinte, o mercado que surge ao seu redor. No entanto, o avanço tecnológico e as mudanças socioculturais estão a remodelar profundamente esse mercado, abrindo caminho para novas tendências e possibilidades. Neste artigo, exploramos as inovações tecnológicas, as novas necessidades dos consumidores e as tendências emergentes que estão a moldar o futuro do mercado da diáspora.
A revolução tecnológica desempenha um papel fundamental na transformação do mercado da saudade. A realidade virtual (RV) e a inteligência artificial (IA), em particular, estão a redefinir as experiências de conexão emocional e a maneira como lidamos com a distância. Com a RV, é possível criar ambientes imersivos que recriam memórias e locais, permitindo que os indivíduos se conectem com as suas raízes de maneira virtualmente tangível. Da mesma forma, a IA está a ser aplicada no desenvolvimento de assistentes virtuais e chatbots capazes de simular interações humanas, oferecendo companhia e conforto aos que estão distantes dos seus entes queridos.
À medida que a sociedade evolui, também evoluem as necessidades e desejos dos consumidores da saudade. Anteriormente centrado em produtos físicos, como fotografias e recordações, o mercado agora volta-se para soluções mais imersivas e personalizadas. Os consumidores procuram experiências que vão além do tangível, explorando maneiras de se conectarem emocionalmente com as suas origens e entes queridos de forma mais profunda e significativa. Além disso, a procura de serviços que facilitem a comunicação e a partilha de momentos entre aqueles que estão separados geograficamente tem aumentado exponencialmente.
Uma tendência notável no mercado da diáspora é o aumento do investimento em Portugal por parte dos países onde historicamente existem muitos emigrantes, tais como os EUA, Canadá, Luxemburgo, França e Austrália. Este fenómeno reflete não apenas um desejo de manter laços culturais e familiares, mas também uma oportunidade de negócio e investimento num país com um potencial crescente.
Esta tendência de investimento nos países da diáspora é impulsionada por 2 fatores:
Entre os setores onde mais investem, destacam-se a restauração, o imobiliário, o turismo e as atividades artesanais. A restauração, por exemplo, atrai investidores que desejam promover a culinária tradicional e proporcionar aos emigrantes e turistas uma experiência autêntica. O setor imobiliário também é alvo de investimento, com a compra de propriedades para habitação, turismo ou investimento comercial. Além disso, o turismo é uma área em crescimento, com investimentos em empreendimentos hoteleiros e turísticos que visam atrair visitantes da diáspora e de todo o mundo. Por fim, atividades artesanais como a produção de produtos regionais e artesanato local, também recebem investimentos, impulsionando a economia local e preservando tradições culturais.
Em resumo, o mercado da saudade está a passar por uma profunda transformação impulsionada pelo avanço tecnológico e pelas mudanças nas necessidades e desejos dos consumidores. À medida que nos voltamos para o futuro, é essencial que as empresas e os profissionais do setor estejam atentos às tendências emergentes e se adaptem às novas realidades para continuar a fazer face ao mercado, que está em constante evolução. O futuro da saudade está a ser moldado agora, e cabe a nós abraçar essas mudanças e explorar as oportunidades que elas oferecem.